Na calçada de minha avó
Ainda vejo em meu
olhar
e me entorpeço de
saudades
as formas e as
cores alaranjadas
as janelas
grandes e os batentes
da casa bonita de
meus avôs
meu avô China na
vendinha
e minha avô
Marieta na calçada
ou saindo
apressada para a missa
tropeiros e
viajantes na entrada
o padre e os
cangaceiros por ali
uma mesa farta
cheirando a sertão
uma imponência na
humildade
como nas ruas de
casas toscas
e nos beirais das
calçadas simples
feição de um Poço
Redondo antigo
meu avô partiu
ainda cedo demais
minha avô ficou
abençoando a vida
a vida de quem
lhe pedisse a benção
e na sua calçada
sentasse ao entardecer
para avistar
aquele sertão caminhante
no seu passo de
alpercata e roló
e eu ainda menino
traquina demais
nem imaginava
quanto ia doer a saudade.
Rangel Alves da
Costa
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