*Rangel Alves da Costa
Meus amigos, onde estão meus amigos? Meus
amigos - que serão sempre amigos do mais novo ao mais velho -, estão nos seus
lares, nos bares, nas ruas, nas esquinas, nas praças. Mas também nas
distâncias, nas beiradas dos matos, nos casebres e currais, na debulha do
feijão, no bordado da renda. E ainda nas suas calçadas, nas suas portas
abertas, debruçados pelas janelas. Caminho, vou ao encontro deles, encontro a
palavra e o sorriso. Muitos me chegam em visita, em inesperados encontros que
alegram ainda mais os sentidos. Mas geralmente caminho e vou ao encontro deles.
Ao pé do balcão, peço pra descer uma pinga e sei que o amigo aceitará com
prazer. Mais adiante, virando a esquina, logo estendo a mão e o outro sorri com
prazer. Uma assentada num beiral de canteiro e um proseado descompromissado de
tudo. Um inté mais, inté! E de repente, debruçado à janela, aquele olhar miúdo
e aquela feição carregada de tempo. Uma velha amiga, um velho amigo.
Aproximo-me sem pressa, cumprimento, procuro despertar alegria e puxo outras
conversas. E o tempo vai passando, passando e passando. Que livro lindo é
aberto. Páginas do passado, letras escritas na luta e no passo do dia a dia.
Uma saga de vida, um emaranhado de histórias, uma costura de situações e
revelações. E depois, com tudo já guardado no embornal da memória, despeço-me e
sigo adiante. E levando comigo um monte de amigos.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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