*Rangel Alves da Costa
Toda vez
que encontro o amigo Elias, ou Elias de Tonho Gervásio, como é mais conhecido,
eu festejo por dentro e por fora.
Não há
criatura sertaneja mais alegre, simpática e de prosa boa, que ele. Parece nunca
estar preocupado. Também nunca foi encontrado de cara feia ou de poucos amigos.
Toda vez
que o encontro é um abraço apertado. Era muito amigo de meu pai Alcino e
continua meu amigo também. Aliás, com Elias meu pai proseava de quase passar o
dia inteiro.
No último
encontro, na sexta de feira interiorana, apimentei o reencontro ao perguntar
quem ele achava o maior vaqueiro de todos os tempos nas caatingas de Poço
Redondo e arredores.
Pergunta
mais que melindrosa perante um vaqueiro afamado, ante um verdadeiro titã das
caatingas e cuja história já é cantada por todos. Mas ele, um tanto
surpreendido, não pensou duas vezes para dizer:
“De todos,
e digo sem medo de errar, que nenhum se igualou a Rivaldo de Janjão. Rivaldo,
que dias atrás deixou o sertão mais triste e foi vaqueirar lá nos céus, foi o
maior vaqueiro entre todos. E pertinho dele, quase no mesmo prumo, estava Tião
de Sinhá. Dava gosto ver esses dois na verdadeira pega-de-boi, no meio do mato
atrás de boi valente, vencendo os espinhos e as pontas de pau para dar cabo da
empreitada. Por outro lado, quando se falava em rastejador, aquele que parece
que sente o cheiro do bicho e vai atrás pelas marcas dos cascos fincadas na
terra, não havia outro igual a Bastião de Timbé. Nunca houve no mundo um
vaqueiro que descobrisse a presença de um boi, já passado mais de ano de seu
desaparecimento, apenas pelo rastro encontrado. E Bastião de Timbé avistava a
marca no chão e dizia qual era o boi e onde ele estava. E não errava não. Um ou
dois dias depois, ou mesmo com mais tempo, nas lonjuras do mundo, e o boi
estava lá. Não errava uma. Outro rastejador respeitado era Nofinho. Mas igual a
Bastião de Timbé nunca houve um igual. E ele tá aí pra contar muito melhor essa
história”. Mas quando eu perguntei sobre o que tinha a dizer sobre o vaqueiro
Elias, sobre ele mesmo, quase dá gargalhada para dizer: “Deixe pra lá!”.
Deixe pra
lá nada, Elias. Há que se reconhecer sua majestade e soberania na vida
vaqueira. Todo animal e toda caatinga ainda reverenciam a sua passagem. Você
sempre foi e sempre será reconhecido como um dos maiores vaqueiros da história
sertaneja.
O bicho
conhece o seu nome, a caatinga conhece o seu nome, a vaqueirama proclama seu
nome. E Poço Redondo simplesmente o festeja com orgulho e gratidão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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