*Rangel Alves da Costa
Brasilino curtia o couro e fazia um sertão.
Dona Benvinda amassava o barro e fazia um sertão. Seu Galego afogueava o ferro
e depois batia para fazer um sertão. Mané Dandacho vaquejava a cria e fazia um
sertão. Carmosina no doce de frade, saudade que ainda invade. Zé de Bela
costurando faceiro, no modismo um engenheiro, fazendo roupa pra dona de casa e
também para o fazendeiro. Maria do Piau duro oferecia piaba, levando o peixe na
cabeça e dando de presente goiaba. João da Bicha, o feiticeiro, fazendo
mandinga escondida e se dizendo verdadeiro. Sebastião sapateiro botando sola de
borracha, pregando tudo em tarraxa, ofício sem ter herdeiro. Dona Luisinha
fazia do pirulito um doce sertão. Baíta preparava arroz-doce com gosto de
sertão. Zé de Julião se sacrificou em nome do sertão. Alcino amou e viveu para
o seu sertão. E eu, sertanejo de berço e de pisar no chão, o que posso fazer? O
que puder pelo meu sertão!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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