*Rangel Alves da Costa
Sim, rasguei tudo mesmo. Rasguei diários,
cartas, bilhetes, poesias, rascunhos, todo risco e todo traço nascido de mim.
Também rasguei velhas fotografias, desfiz os laços do passado. Não há mais
corações desenhados na parede nem recordações rabiscadas. Resolvi, sim,
desfazer de tudo. Nada mais quero que me faça unir ao passado. Nada mais quero
que testemunhe sobre o amor que um dia eu imaginei partilhar. Que tudo se vá,
então. Tudo suma, tudo esvoace. Só há um problema. E eis o mais terrivelmente
difícil de resolver: a memória e o pensamento ainda estão comigo, e disso sei
que não posso rasgar do meu interior. E então o surgimento de um problema mais
grave ainda: a saudade! A saudade dela.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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