*Rangel Alves da Costa
A morte é vista e sentida de forma
diferenciada perante as culturas. Em algumas, apenas um rito de passagem. E,
portanto, um acontecimento que não provoca além do vazio pela ausência, sem
grandes manifestações de luto ou de dor pela perda. Em outras, uma dor
transformada em alegoria. Neste sentido, a morte é festejada, cantada, dançada.
Mas não como alegria ou felicidade pela partida, mas como uma comemoração fúnebre
em que as dádivas do morto são verdadeiramente festejadas. Noutras, apenas um
ato esperado e que, por isso mesmo, aceito sem maiores angústias. Também as
comunidades tribais e nativas encaram a morte de modo muito mais ritualístico
do que através de exasperações pessoais. Na nossa cultural, por mais que se
compreenda a sua inevitabilidade e a incerteza de sua chegada, a sua ocorrência
sempre é acompanhada de terrível sofrimento. Lágrimas, lutos, sofrimentos
eternos. Contudo, pessoalmente creio que a morte deveria ser repensada. E
repensada de modo a não causar tanto sofrimento, tanta agonia, tanta melancolia.
Mas difícil de assim acontecer. Ninguém aceita a perda, a separação, o adeus. O
que talvez minimizasse mais o sofrimento é que a saudade não perdurasse tanto.
Contudo, também muito difícil, eis que amores existem que são verdadeiramente
eternos.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário