*Rangel Alves da Costa
Fiz uma canção, uma canção pra varal de
quintal. Estendi o arame em pedestal e deixei tão belo o meu varal. No meu
quintal tem uma feição sentimental, coisas antigas que na memória faz um mural.
No meio dele, como a altura fosse sinal, que no arame fosse estendido o suor
lavado em pedras de sal. Um banco branco, uma colcha de casal. Um lenço molhado
de lágrima triste e universal. Um pano antigo que para o passado faz um portal,
que dói por dentro ao vê-lo assim proposital, deixando ali mesmo que a saudade
seja letal. E a roupa estendida, em ventania, em vendaval, e o tempo passando,
em tempestade, em vendaval. E eu tão triste, em dia assim como um Natal, de solidão
e lágrimas enxutas no avental. Mas tudo passa, a roupa enxuga pelo varal, e eu
me levanto e recolha a roupa e deixo minha dor pelo quintal.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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