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terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Palavra Solta – os velhos estão ali



*Rangel Alves da Costa


As cadeiras de balanço sintetizam a velhice em sua mais plena moldura. Não aquela velhice que abdica da idade e vai ao enfrentamento da realidade como se noutra idade estivesse. E muito ocorre assim. Pessoas existem que buscam em si todas as suas forças e correm atrás dos prazeres, dos passeios, das viagens, das alegrias da vida. Há que se dizer, contudo, que tudo isso demanda vontade, ânimo e principalmente meios financeiros para tal. E infelizmente tais aspectos não se fazem presentes na maioria dos idosos, seja dos centros urbanos ou das regiões mais distantes. Dizer que as cadeiras de balanço sintetizam a velhice implica também em afirmá-las enquanto molduras de uma situação existencial. Não somente costumou-se ter a velhice como um estágio de vida de inércia e forçado recolhimento como a própria realidade passou a confirmar tal situação. Onde está a maioria dos velhos senão em seus recolhimentos sombrios e solitários? Onde está a maioria das pessoas em idade avançada senão prostradas rente as janelas ou em cima do desalento das camas ou cadeiras de balanço? Onde estão os velhos senão nos esconderijos de qualquer lugar?


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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