*Rangel Alves da Costa
As cadeiras de balanço sintetizam a velhice
em sua mais plena moldura. Não aquela velhice que abdica da idade e vai ao
enfrentamento da realidade como se noutra idade estivesse. E muito ocorre
assim. Pessoas existem que buscam em si todas as suas forças e correm atrás dos
prazeres, dos passeios, das viagens, das alegrias da vida. Há que se dizer,
contudo, que tudo isso demanda vontade, ânimo e principalmente meios
financeiros para tal. E infelizmente tais aspectos não se fazem presentes na
maioria dos idosos, seja dos centros urbanos ou das regiões mais distantes. Dizer
que as cadeiras de balanço sintetizam a velhice implica também em afirmá-las
enquanto molduras de uma situação existencial. Não somente costumou-se ter a
velhice como um estágio de vida de inércia e forçado recolhimento como a
própria realidade passou a confirmar tal situação. Onde está a maioria dos
velhos senão em seus recolhimentos sombrios e solitários? Onde está a maioria
das pessoas em idade avançada senão prostradas rente as janelas ou em cima do
desalento das camas ou cadeiras de balanço? Onde estão os velhos senão nos
esconderijos de qualquer lugar?
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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