*Rangel Alves da Costa
As pessoas
só aumentam sua autoestima quando encontram motivos para a felicidade. Não
adianta querer forçar sorrisos quando o coração está entristecido.
Do mesmo
modo ocorre com a roupa que se veste, com a casa e com a cidade. A roupa parece
ser difícil de ser vestida e nunca fica bem quando esteve simplesmente amassada
e jogada nos apertados de um móvel.
Diferente
acontece quando ela está cuidada, dobrada, como em repouso para o próximo uso.
A casa entristece, fica feia, pesada, quando não é bem cuidada, quando tudo
parece estar desandado.
Casa com
tudo desarrumado, com o lixo acumulado pelos cantos, com a poeira e o pó por
todo lugar, torna-se num abrigo de desânimos e desalentos. Que seja pobre, que
tenha poucos móveis ou quase nenhum, mas que seja asseada, confortável e
convidativa.
E o que
dizer com a cidade? Ora, a cidade contextualiza tudo isso. A cidade é também
uma casa, um lar, um local onde se espera bem-estar, conforto e prazer no
convívio.
E a casa
chamada Poço Redondo? Desde a calçada, da porta pra dentro e da porta pra fora,
como está o lar chamado Poço Redondo? Aqueles que com ela convivem no dia a
dia, que caminham pelos seus caminhos em suas rotinas, sabem muito da alegria
ou da tristeza que ela provoca.
Em tom
poético, pergunto: as flores estão regadas, a calçada está varrida, a plantinha
está brotando, o seu âmago exala um prazeroso aroma sertanejo, borboletas
voejam contentes nas suas janelas?
Por falta
de remédio e poder de cura, poetizei para não abrir mais a ferida aberta,
exposta aos dissabores. Mas sonhei que via um menino correndo entre canteiros
floridos de uma praça, que amigos proseavam felizes em confortáveis bancos de
praças, que pessoas caminhavam com olhos maravilhados pela beleza e pela paz do
lugar.
Sonhos,
ilusões, quimeras? Sim. Talvez no sonho o encontro com o desejado. Mas talvez
na realidade o poder da transformação do sonho em algo possível. Será tão
difícil assim ou tudo já se pode dar por perdido? Não, de jeito nenhum.
Mas não
adianta somente olhar para a fachada da casa ou para a sala da frente, aonde
primeiro chegam os visitantes. Na casa há dependências que precisam ser
cuidadas, há quintais e corredores quase ocultos. Os bairros, conjuntos e novas
comunidades surgidas, também fazem parte da casa chamada Poço Redondo.
Será
preciso cuidar de tudo indistintamente. Todos são iguais e devem receber os
mesmos benefícios. As flores murcharam, mas ainda há tempo. Importa mesmo que
as portas não sejam fechadas de vez com gente escondida lá dentro.
E por
vergonha de mostrar os escombros de um vendaval que passou devastando tudo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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