Diário de ontem
Três horas da madrugada
ventania entrando pela janela
o corpo queimando inteiro
todo tomado de suor
e um sonho muito triste
minha mão sem alcançar a sua
cinco horas da manhã
a janela aberta é retrato do dia
olho a revoada que passa
e me sinto também passarinho
voando alegremente apressado
em direção ao seu ninho
cinco horas da tarde
o dia se fez de muita esperança
talvez o meu grande amor
que continua no seu paraíso
esteja bela diante do espelho
pra chegar sem um aviso
seis horas e meia da noite
vou deixar a porta entreaberta
da janela olho as ruas e esquinas
sinto a beleza da vida e da noite
mas os minutos vão passando
e a tristeza já vem como açoite
meia-noite
sujei minha roupa de vinho
cortei minha mão na vidraça
o vento soprou apagando a vela
tudo é escuridão e solidão
beijo o copo e penso que é ela.
Rangel Alves da Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário