Paisagens
Retrato na parede de barro
fotografia sem papel nem moldura
apenas uma encantadora paisagem
que vai mudando de sombra e cor
segundo o desejo exigente do olhar
por isso mesmo tão maravilhoso
o silêncio de palavras mas com gritos
sussurros e sons vindos da mataria
passarinho que canta e coivara assovia
folhagens passeando ao vento
ventania soprando no ouvido da noite
e tudo dolentemente adormecido
numa paz que só o sertão sabe ter
misturando o entristecimento do tempo
com a trovoada que vai escorrer
deixando a tela faltando onde colorir
no lugar do ressequimento cinza
pincelar uma flor de cacto a sorrir
desenhar uma verdejante campina
no lugar da secura que se descortina
e depois comparar tudo com a natureza
pra nunca mais ter como duvidar
de que tudo é de inigualável beleza.
Rangel Alves da Costa
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