*Rangel Alves da Costa
A história da mulher do Caboré rendeu mais
que o esperado. E tudo por causa do apelido de Gerôncio Gerinaldo. Desde cedo
que Gerôncio Gerinaldo recebeu o apelido de Caboré e fato que nunca lhe causou qualquer
problema, a não ser depois de casado. Mas primeiro vamos aos termos. Caboré é
termo usado tanto para uma ave de rapina como para designar um mestiço de negro
com índio. No caso de Gerôncio, a alcunha chegou por causa de seus olhos um
tanto graúdos demais, ao modo das corujas de olhos salientes e bem abertos. Pois
bem, ao casar, então começou a acontecer um sério problema. Casado com moça
nova, reboladeira, nos trinques, toda vez que ela passava e alguém perguntava
de quem se tratava, logo o outro respondia: “É mulher de Caboré!”. Então a
maldade entrava em cena: “Só podia ser mulher de cabaré para andar desse jeito”,
um dizia. “De qual cabaré ela é? Vou lá...”. Quer dizer, trocavam o nome Caboré
por cabaré e espalhavam a pilhéria por todo lugar. Ao tomar conhecimento das
maldosas insinuações, Caboré tomou uma atitude espantosa. Exigiu mudança
imediata no seu apelido. Dali em diante não era mais Caboré e sim Carcará. Mas
foi pior, pois toda vez que sua esposa passava, logo algum gaiato dizia: “Carcará
pega, mata e come, a muié do Caboré!”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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