*Rangel Alves da Costa
Rua Divina
Pastora, 518, Centro de Aracaju - Recentemente registrei a casa em fotografia,
e ainda mostra quase a mesma feição de uma residência muito importante para a
vida de Poço Redondo, mesmo estando localizada na capital sergipana.
Muitas
pessoas de Poço Redondo certamente não se recordarão do endereço citado. Os
mais jovens sequer sabem de sua existência. Mas muita gente sim. E por diversos
motivos. O primeiro é que neste local por muitos anos morou a família de
Aloísio Azevedo Silva e Maria Marques, ou simplesmente Aloísio e Mariquinha. E
também os seus filhos Railda, Aloisinho, Rose e Anselmo (Teteu).
Aloísio,
para muitos tio Aloísio ou padrinho Aloísio, era um aracajuano que um dia se
enamorou e casou com uma sertaneja de Poço Redondo e depois disso abraçou e amou
o lugar como se fosse seu berço de nascimento.
Possuía
casa na cidade e também uma propriedade, hoje comandada por seus filhos
Aloisinho e Teteu, denominada Santa Luzia (pertinho da sede municipal, na
estrada em direção a Canindé).
Já Maria
Marques, ou simplesmente a tia Mariquinha de todos, vinha de portentosa raiz
familiar sertaneja, irmã de Emeliana, Conceição, Osana, Izabel, Rosinha,
Cordélia, Mãezinha e outras, também do cangaceiro Zabelê e mais outro.
Tanto
Aloísio como Mariquinha ainda hoje são recordados com estima e respeito por
todo o sertão sergipano. E Poço Redondo aprendeu não só a amar como a dar a
benção a este saudoso casal.
E não
seria para menos, pois duas pessoas que tinham seus corações a serviço de Poço
Redondo, de toda a gente do lugar, independente que fosse parente ou não. Nas
Semanas Santas de antigamente, era Aloísio de Mariquinha quem fazia farta
distribuição de peixe e coco aos mais carentes.
Sua casa
na capital era um verdadeiro ponto de apoio a todos que se dirigissem a Aracaju,
fosse para uma consulta médica, um procedimento cirúrgico ou qualquer outra
situação. Muitas vezes, a casa era completamente tomada por sertanejos e todos
recebendo acolhida, alimentação e dormida.
E também
foi moradia de tantos outros filhos de Poço Redondo que um dia foram estudar na
capital, principalmente familiares de Tia Mariquinha. Não me recordo agora se
Tio Pedrinho, recentemente falecido, morou neste endereço ou na Rua de Siri,
mas Nagel, Rangel, Pelé e tantos outros, fizeram da moradia seu segundo lar e porta
aberta para os estudos na capital.
Também de
boa recordação aquela imagem da marinete de Seu Vavá parando bem defronte à
residência do casal. A cada parada uma leva de pessoas, mercadorias ou
envelopes. Seu Vavá, sempre amigo da família, tornava-se o emissário entre o
sertão e a cidade.
Foi assim
que adiante daquele muro eu convivi alguns anos de minha vida como estudante. Estacionada
à frente ou dentro da garagem, a famosa Brasília de padrinho Aloísio. E lá
dentro, dentre as paredes de um mundo imenso, a alegria de ter vivido e
compartilhado daquela existência muito mais humana e feliz.
Por muitos
anos, o casal ali conviveu recebendo o sertão portão adentro. Depois a
residência foi vendida e todos se mudaram para a Rua Marechal Horta Barbosa,
esquina com Hermes fontes, no Grageru. Um tanto distante do centro da capital,
mas ainda assim com as mesmas portas abertas a todos.
Retalhos,
apenas retalhos desse mundo de padrinho Aloísio e tia Mariquinha, de meus
primos Railda, Aloisinho, Rose, Teteu, mas que também foi meu. E também de todo
Poço Redondo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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