*Rangel Alves da Costa
O cego e sua eterna noite. E eu inventando
escuridões. O cego querendo apenas um vaga-lume. E nós nada mais fazendo que
apagar as luzes. O cego tateando em busca de qualquer vestígio de luz. E você
apagando a lâmpada mental. O cego sonhando com o arco-íris e suas cores. E eu
caminhando sem ao menos me importar que existe uma lua bonita lá em cima. O
cego não conhece a manhã pela fresta da janela. E nós fechando as janelas para
que os sóis não entrem nas nossas vidas. O cego perguntando por que sempre
noite em seu olhar. E você se dizendo que deseja sempre a noite em seu olhar. O
cego ouvindo falar de luas, estrelas, vaga-lumes, eclipses, danças de luzes
pelos céus, maravilhas iluminadas. E eu podendo enxergar tudo isso no instante
que quiser, mas sem interesse algum de apreciar tamanhas belezas. O cego
dizendo que viu o sol, dizendo que viu a luz, dizendo que viu estrelas. Ilusões
do desejo, da imensa vontade de luz. E nós, o que fazemos? Sempre procurar o
escuro, sempre buscar a escuridão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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