*Rangel Alves da Costa
Sou muito sensível. Eis uma verdade.
Entristeço demais perante as mais simples situações. Não que o avistado seja
triste, mas pela caracterização que o meu olhar avista. Há coisa mais desafiadora
que uma janela continuamente fechada, e tendo ao lado uma porta que nunca está
aberta? Há algo mais desafiador ao pensamento que encontrar o ninho vazio que
ontem estava ocupado? Janelas e portas fechadas podem significar tudo, menos
alegria e contentamento. Abandono, despedida, adeus. Lá dentro a casa
escurecida, silenciosa, entre restos do passado. E lá fora, na imagem que se
apresenta, apenas a ideia de que ali já houve gente saindo e voltando, que
talvez alguma moça bonita gostava de se debruçar à janela. Mas por que assim
agora? E o ninho de ontem muito diferente do ninho de agora. Ouvia-se um canto,
depois se avista um voo, um rebuliço, sempre uma presença. Mas por que o vazio
e o abandono de agora? Será que as pessoas da casa também voaram? Não sei, não
sei. Sei apenas que tudo continua fechado e abandonado. E que talvez o ninho, a
porta e a janela, sejamos nós amanhã.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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