*Rangel Alves da Costa
Hoje, sábado, foi um dia de seguir e andar
pelos sertões do sertão. Era pouco mais das nove da amanhã quando eu e mais
três amigos resolvemos sair da cidade da cidade em direção aos arredores mais
distantes. Percorrendo estrada de chão, entre solavancos e areais, começamos a
avistar aqueles retratos emoldurados no sertão verdadeiro. Casinhas de cipó e
barro, casebres toscos, pessoas quase se escondendo ante nossa passagem, mas
também moradores felizes, alegres e contentes, ante a nossa parada para um
proseado. Porteiras e cancelas abertas, feições sertanejas se aproximando. Uma
humildade que gosta de receber, de oferecer um tamborete para sentar, de
perguntar se quer uma caneca d’agua. Parando aqui e acolá e seguimos adiante. Curva
após curva, adentramos em veredas cangaceiras, em marcos onde a história ainda
se faz tão viva como se ainda estivéssemos na presença de cangaceiros, volantes
e coiteiros. Um coito perfeito em pedra grande ladeada por pequenas pias. A
estratégia cangaceira de se acoitar somente onde houve pedra tanto para servir
de sentinela como para servir de escudo na hora de qualquer confronto surgido.
Algo realmente impressionante. Naqueles anos 30, quando as balas zuniam entre
xiquexiques e mandacarus, e mesmo com tanto tempo já passado, mas ainda como se
ali estivéssemos sob a vigilância de olhos escondidos nas matas. Olhos
cangaceiros, olhos sertanejos do passado, um olhar que nunca se apaga nem se
esconde. Tudo ainda é presença.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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