*Rangel Alves da Costa
Das três
gestões de Alcino Alves Costa na prefeitura de Poço Redondo, no sertão
sergipano, além das muitas obras que ainda são avistadas por toda cidade e
povoados, alguns bancos de praças foram guardados por moradores assim que
administradores posteriores simplesmente resolveram retirar os assentos da
administração do saudoso prefeito.
Mas hoje,
que eu saiba, em apenas dois lugares tais bancos são encontrados: ao lado da
casa de Arnaldo, logo após a ponte, e na calçada da casa de Lídia de Miguel
Grassú, na atual Praça Eudócia (ou praça do redondo).
Pois bem.
Sempre na brincadeira, toda vez que passo ou chego à casa de Lídia para um
proseado (as irmãs e amigas sempre estão ali conversando após o entardecer e
nas vagas da noite) e digo que vou levar o banco para o Memorial, logo a dona
responde à altura.
De início,
ela raivosa, xingava mesmo, dizia que dali aquele banco não saí de jeito
nenhum, nem que um trator chegue pra arrancar da calçada e tirar. O trator vai
e o banco fica. Mas de uns tempos pra cá deixou de responder com palavras.
Agora basta o seu olhar armado com punhal e peixeira pra dar o recado. Diante
da fúria, eu logo deixo até de brincar.
Mas qual o
motivo de Lídia ter tanto apego a esse banco, vez que apenas uma estrutura em
cimento com o nome “Administração Alcino Alves Costa”? Por diversos motivos,
creio. Alcino era muito amigo da família Grassú, amigos de todos mesmo. Alcino
sempre estava ali na Praça Arnaldo Rollemberg Garcez (nome anterior da Praça
Eudócia) conversando com um e outro.
Na última
gestão de Alcino, a praça onde mora Lídia era de magistral beleza, toda
florida, com fonte luminosa e bancos dignos de uma assentada para um proseado
ou uma paquera. Não havia praça mais bonita que aquela onde Lídia tanto
acostumou a avistar da cadeira em sua calçada.
Ademais,
Lídia também sempre foi muito amiga e apegada a Alcino e seus familiares, como
se pertencesse à própria família Marques. Desse modo, quando os bancos foram
retirados e a praça totalmente descaracterizada, então a família de Lídia
resolveu guardar um daqueles suntuosos assentos como lembrança.
Não só
colocou o banco sobre a calçada como providenciou a cimentação dos pés, de modo
que ninguém pudesse retirar. Depois Lídia passou a cuidar do banco como se
estivesse cuidando de uma flor no jardim. Por isso mesmo que o banco continua tão
bem preservado e servindo como viva recordação não só de Alcino como daquele
Poço Redondo tão singelo e tão bonito.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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