*Rangel Alves da Costa
A Bíblia diz: Jesus, indo um pouco mais adiante, prostrou-se com o
rosto em terra e orou: "Meu Pai, se for possível, afasta de mim este
cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres". Sim,
afasta-me de mim este cálice, disse ele. Mas o que estaria despejando neste
cálice sagrado? Não o líquido, não o vinho, nem a água. Mas o fel da dor, do
sofrimento, da angústia, da desilusão, do abandono, da tristeza, da
desesperança, do temor e da aflição. Cálice que não verte além do nada-ser do
homem perante o mundo em falsidade, em violência, em injustiça, em perseguição.
Afastar o cálice é afastar do sofrimento. O homem bebe incessantemente desse
fel por ele mesmo derramado. Jesus sabia que o seu sofrimento seria em nome da
salvação do próprio homem e do próprio homem. E o homem, algum dia tentou
afastar desse cálice? Não. Pelo contrário, quer mais vinho da iniquidade, da
desarmonia, de um mundo ébrio de maldades e perversidades.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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