*Rangel Alves da Costa
Talvez muitos nem saibam o que seja um
quintal. E nem vou dizer. Apenas recordarei a vida e a vivência de um quintal, sua
nostalgia e sua memória. Sim, logo após a porta da cozinha. O varal, o tanque
de lavar roupas, o cantinho com plantas medicinais, um velho banco, árvores
frutíferas, velharias e relíquias pelos arredores. O quintal é baú da vida e da
memória. A mulher canta sua saudade enquanto bate o pilão ou vai juntando
gravetos para o fogo de chão. É no quintal que o poleiro é armado para o galo
cantar o novo dia. Frutas maduras caídas, carambolas, jabuticabas, mangas,
goiabas. O menino passa mais ao fundo e vai olhando a calcinha estendida no
varal. A velha senhora se balança na cadeira enquanto a roupa seca mais
adiante. A porta se abre e o velho senhor aparece para fumar um cigarro de
palha. Boldo, mastruz, camomila, tudo bem ali. É só recolher para o chá ou a
infusão. E nas noites grandes, é no quintal que a lua se faz maior. E faz
lembrar, e faz chorar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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