*Rangel Alves da Costa
Geralmente viajo de ônibus ou topic quando
vou da capital sergipana ao sertão. Perto de duzentos quilômetros de muito
chão. Mas gosto de viajar assim, principalmente quando já chegando à região
sertaneja e quando as paisagens e os horizontes parecem modificados. Tudo mais
triste, mais solitário, mais desalentador. Casinhas de cipó e barro, casebres tronchos,
moradias no meio do tempo. Malhadas nuas, chiqueiros vazios, currais sem berros
ou mugidos. Instiga-me tal visão. Muito fico imaginando perante as portas e as
janelas fechadas, as solidões dos lugares, a quase ausência de vida. Mas também
sei que todos estão por ali, que todos os viventes deste mundo estão por ali.
Ali nas roças, nos matos, nos quintais, nas cozinhas, nas distâncias. Nem
sempre são avistados, mas todos vivenciando o seu mundo segundo seus ofícios e
afazeres. De vez em quanto, de uma porta aberta sai uma velha senhora, uma
mulher de vassoura à mão, uma criança, um cachorro. E que coisa bela – e também
aflitiva – avistar esse mundo tão perto e tão distante de tudo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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