*Rangel Alves da Costa
Recentemente publiquei na rede social: Vou
dar um tempo. Aqui do Facebook e de muita coisa. Até não sei quando!
Realmente, preciso dar um tempo. Preciso
reencontrar o norte de muita coisa perdida. Preciso principalmente me
reencontrar para saber se ainda existo.
Estou cansado de muita coisa. Cansado até de
viver fingindo alguma felicidade. Creio ter chegado a hora de enfrentar as
realidades sem a máscara das ilusões e chorar quando houver que chorar, e sorrir
quando alguma alegria surgir.
O Eclesiastes parece não estar sendo muito
justo comigo. As coisas não estão em contínua transformação, conforme ensina o
livro bíblico. Não está havendo sol para depois cair a chuva, não está havendo
noite para depois surgir o dia. Tudo numa constância só!
Sei que muitos gostam do que eu escrevo, das
fotografias que posto, das informações que de vez em quando repasso. Mas tudo
estava sendo feito apenas para os outros. Ademais, tudo numa escrita fria, tudo
sem sentimento e nada do que realmente existe em mim.
As respostas, estas somente eu sei onde
estão. Mas logo direi que todas estão em mim, dentro de mim, no meu eu. A
verdade é que não tenho andado contente. A verdade é que todo sorriso surgido
sempre é fruto de um esforço sem fim para que assim aconteça.
Talvez eu esteja como o menino Zezé do
romance Meu Pé de Laranja Lima. Ele andava entristecido quando lhe foi
perguntado por quer estava assim. “Faz mais de uma semana que cortaram o meu pé
de laranja lima”. Foi o que respondeu. Eis o motivo de sua tamanha tristeza.
Não cortaram meu pé de laranja lima, mas
cortaram muito de mim. Infelizmente, cada vez mais tenho desacreditado mais nas
pessoas. E é uma perda muito grande saber que de repente as pessoas acreditadas
chegam com falsidades e traições. Tudo isso é um pé de laranja lima cortado na
vida da gente.
Acreditar em quem? Amigos ainda existem? Ou a
vida é um viver de ilhéu solitário por que somente assim não se corre o risco
de ser pelas costas apunhalado? Que tempos são esses, meu Deus?!
Mas grande parte da culpa é minha. Nunca
escondi de ninguém que gosto de solidão, de estar sozinho, de seguir desapegado
de mão pelos caminhos da vida. Eu bem que poderia ter continuado assim. Eu
tinha duas mãos, mas uma eu perdi assim que a estendi. Bem feito pra mim.
Então dar um tempo é o melhor que faço. Não
posso costurar a boca, não posso esconder a mão que me resta, não posso afastar
os outros da mesma estrada por onde passo, não posso deixar de estar na
presença de pessoas, mas posso viver apenas pra mim mesmo. E é isso que tenho a
fazer.
Tenho aprendido cada vez mais que a grande
conquista da vida, ou a verdadeira conquista da vida, está no autoconhecimento.
E no autoconhecimento a autoestima, o amor-próprio, o gostar de si mesmo. Esperar
pelos outros não. Esperar pelos outros mais não. Ou a pessoa se gosta e se ama
ou nenhum amor ou gostar será conquistado.
As roupas sujas precisam ser lavadas. Os
panos rasgados precisam ser remendados. Mas apenas aquilo que se presta ao uso.
Muito terá de ser jogado fora sem dó nem piedade. O que não presta e continua é
como um lixo que destrutivamente vai se acumulando. Isso mais não.
Sei que vai doer fechar a porta e a janela
assim de repente. As sombras aumentam as aflições e as angústias. Mas qualquer
dia a porta e a janela serão novamente abertas para que o sol retome o seu
lugar e novamente brilhe em cada passo do que restar da existência.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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