SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Palavra Solta - nas sombras da noite



*Rangel Alves da Costa


Tudo escuro. Altas horas da noite. Talvez já na madrugada. Silêncio total pelas ruas. Nenhum passo. Nenhum barulho estranho. Nada. Mas de repente, ao longe, ouvia-se o trotar de um cavalo. Quanto mais se aproximava mais havia a certeza de que cavalo e cavaleiro se aproximavam. Tantas vezes relinchava, barulhava como se de repente refreasse na terra nua. Ninguém duvidava que o que se ouvia era o som das patas de um cavalo. E cavalo vindo de longe, cortando as ruas da povoação. Também ninguém duvidava que de repente o cavalo parava em algum canto para depois prosseguir. E assim sempre nas noites mais escuras, de lua sumida, no breu. Muita gente se metia debaixo da cama ao ouvir aquela estranheza. E assim por que ninguém sabia de quem se tratava, vez que jamais fora avistado por olho humano, e tão somente a certeza de sua passagem. Era o cavaleiro da noite, o cavalo da assombração, o cavaleiro da alma penada. Assim se dizia. Até hoje essa história é repassada pelos sertões, e não se admitindo que digam que é mentira. Ainda tem gente que diz que pelas frestas ouviu o cavalo passando. Mas apenas passando e passando.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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