*Rangel Alves da Costa
“A escrita é uma arte de solidão”. Escrevi
tal frase numa postagem para acompanhar um retrato meu em pleno ofício da
escrita. Mas creio que seja verdadeiro. O escritor exerce seu ofício em
completo abandono de mundo, em afastamento absoluto do que está adiante da
porta, ainda que tudo esteja presente ao redor. E tem que ser assim mesmo.
Impossível escrever sem o abraço apertado da solidão, sem o silêncio em tudo,
sem o mundo fechado ao redor da escrita. Logicamente que o escritor vai se
sentindo tomado por vozes, por gritos, vendavais, turbilhões. Certamente que o
escritor se vê possuído por magias indescritíveis, por fantasias
inacreditáveis, por poções mágicas de um mundo desconhecido que vai criando.
Todo escritor vive em amarras, enlaçado em armadilhas, aprisionado ao destino
do texto e dos personagens. Não é nada fácil. E mais: é uma tortura sem fim. E
assim por que o ato da criação envolve domar vidas, destinos, matar, fazer
renascer, fazer amar e desamar. E este mundo nascido na e da escrita não comunga
com outro mundo, o mundo real, barulhento, violento, desumano e bestial. O
mundo da rua é triste. Por isso mesmo, porque deve haver preocupação apenas com
o mundo da arte, da criação literária e do relato proposto, então o escritor se
torna, necessariamente, num solitário. Sua solidão é o que chama as vozes que
deseja ouvir e descrever.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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