*Rangel Alves da Costa
Minha vida nunca foi palco iluminado, jamais
vivi vestido de dourado, mas sempre – e infelizmente – fui palhaço de perdidas
ilusões. Talvez o sentimentalismo de um bom coração tivesse me deixado à mercê
não do sorriso, mas da chacota do outro. Quis ser bom demais, quis fazer
demais, estendi a mão, com flor e pão, para depois servir de zombaria no
picadeiro da vida. Para os outros eu fiz véu de nuvem, manto de lua e chão de
estrelas. Para os outros eu estendi tapete, eu abri fonte de água fresca, sobre
a mesa eu coloquei a fruta mais doce. Para os outros eu vivi e de mim me
esqueci. E quando eu me reencontrei, já depois de tudo de mim ser desfeito,
ainda assim impossível de não recordar o quanto fui palhaço achando que queria
fazer o bem, alegrar, trazer contentamento. Mas depois de andar sobre brasas e
sentir na pele a fúria de mil vulcões, resta-me buscar sombreados na existência
e meditar, refletindo repetir a mim mesmo: como e quanto errei!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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