*Rangel Alves da Costa
Não é a idade não. É solidão mesmo. Triste de
ser assim, mas a solidão até faz cegar, faz sumir as sensações, apaga a memória
do bom, coloca sob o olhar um véu daquilo que mais atormenta. E pela janela
lateral da sala escurecida, ao invés da brisa matinal e dos raios e dos raios
ensolarados do vivecer, o que me chega somente é a angústia. Coisa mais
aflitiva, melancólica e triste, ter uma janela que se abre apenas para a
saudade angustiante, para uma estrada de réstias tristes, para caminhos
impossíveis de serem alcançados. Tenho sofrido muito através da janela. O
jardim adiante, mas é como se ali não houvesse uma flor sequer. Passam pássaros
e borboletas, passam vaga-lumes e colibris, passam canções de vento. Nada disso
eu vejo. Mas vejo a face dela, o rosto dela, o olhar dela, o corpo dela. Fecho
a janela. De nada adianta fechar a janela. A saudade está em mim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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