*Rangel Alves da Costa
Dos espólios da vida que vão sendo
partilhados, pouco resta que mereça ser de outro senão da própria pessoa que a
tudo construiu ao longo da vida. A quem terá serventia um amor tão amado que
insiste em não se tornar em escombros? A quem servirá ouvir a palavra pensada e
imaginada para ser ouvida apenas por uma pessoa? A quem caberá acolher a mão
estendida se a mão estendida procuração apenas a mão desejada? A quem servirá a
poesia torta, a poesia morta, a poesia rabiscada, a poesia chorosa e gritante,
mas poetizada a um eterno amor? A quem servirá a lembrança de um abraço
apertado, de uma carícia, de um cafuné, senão a quem olhou no olhar e já
sabendo a devoção que lhe seria dedicada? A quem interessa um baú de saudades e
um álbum de nostalgias, senão a quem foi porta-retratos na penteadeira do
coração? A quem interessa guardar consigo aquilo que é de outra somente, dizer
que é seu aquilo que não lhe pertence, guardar como herança aquilo que não
mereça ser recebido? Contudo, infelizmente, nada servirá como herança. O todo e
o tudo já foi dado, doado, entregue de coração. Vida, amor, paixão, devoção.
Tudo...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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