*Rangel Alves da Costa
Os meus velhos não são os meus pais.
Infelizmente eles não estão mais aqui. Meus velhos são outras pessoas de
avançada idade e que sempre procuro quando quero aprender. Os meus velhos são
meus amigos que, mesmo esquecidos por muitos e até pelos próprios familiares,
sempre me acolhem que vou atrás. Os meus velhos estão silenciosos nas salas, nas
varandas, nos quartos. Os meus velhos estão enfermos e acamados, estão nas
cadeiras de balanço do entardecer, estão mirando horizontes com olhos tristes e
cheios de saudades. Os meus velhos estão sentadinhos na portada da casa, num
sombreado, num pé de parede. Os meus velhos estão ali e por todo lugar. Seu
Bastião, Dona Filomena, Seu Tingó, Dona Beralda, tudo é velho meu. Tantas vezes
me chamam de filho, o que gosto demais. Outras vezes perguntam por que quero
saber tanto de pessoa que já passou. Apenas respondo que preciso aprender com
suas lições, que preciso ouvir suas histórias e causos, que tenho de guardar no
embornal da memória suas velhas, doces e tristes recordações. E eles vão
contando tudo, mansamente. E eu guardando tudo, avidamente. Converso e converso
e depois retorno. E quanto mais eu retorno mais encontro os meus velhos felizes
e contentes com minha presença.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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