SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Palavra Solta - uma história de amor e de circo



*Rangel Alves da Costa


Eu ainda era pivete quando me apaixonei pela primeira vez. E que estranho amor. E estranho porque eu fui logo me apaixonar por uma mocinha de um circo que apareceu em minha cidadezinha interiorana. Lembro-me até hoje o seu nome, seu formato de rosto, o seu jeito de sorrir e de falar. Lembro-me também de seu olhar tristonha e da certeza de que não se sentia nem um pouco feliz naquela vida que levava. Eu devia ter uns treze anos e ela pelos vinte um. Linda, linda, ao menos perante o meu olhar apaixonado e meu coração adolescente. Eu não perdia uma noite de espetáculo, mas o bom mesmo era visitar sua tenda durante o dia. Ela já sabia do meu sentimento e até me aceitaria em seus braços se mais idade eu tivesse. Um dia, baixou a blusa e mostrou os seios. Eu fiquei em tempo de endoidar. Juntei dinheiro, comprei um pedaço de pano e dei de presente, em troca ela me deu um abraço apertado e um frasquinho de perfume. Era rumbeira, dançarina de circo. Acabei ficando com ciúme danado toda vez que ela era chamada para dançar. Mas um dia, a mulher que servia de alvo para o atirador de facas adoeceu, e ela foi chamada para substituir. E naquela noite, bêbado, o atirador de facas errou o alvo. E não quero nem relembrar o que aconteceu com aquele meu primeiro amor.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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