*Rangel Alves da Costa
Eu ainda era pivete quando me apaixonei pela
primeira vez. E que estranho amor. E estranho porque eu fui logo me apaixonar
por uma mocinha de um circo que apareceu em minha cidadezinha interiorana.
Lembro-me até hoje o seu nome, seu formato de rosto, o seu jeito de sorrir e de
falar. Lembro-me também de seu olhar tristonha e da certeza de que não se
sentia nem um pouco feliz naquela vida que levava. Eu devia ter uns treze anos
e ela pelos vinte um. Linda, linda, ao menos perante o meu olhar apaixonado e
meu coração adolescente. Eu não perdia uma noite de espetáculo, mas o bom mesmo
era visitar sua tenda durante o dia. Ela já sabia do meu sentimento e até me
aceitaria em seus braços se mais idade eu tivesse. Um dia, baixou a blusa e
mostrou os seios. Eu fiquei em tempo de endoidar. Juntei dinheiro, comprei um
pedaço de pano e dei de presente, em troca ela me deu um abraço apertado e um
frasquinho de perfume. Era rumbeira, dançarina de circo. Acabei ficando com
ciúme danado toda vez que ela era chamada para dançar. Mas um dia, a mulher que
servia de alvo para o atirador de facas adoeceu, e ela foi chamada para
substituir. E naquela noite, bêbado, o atirador de facas errou o alvo. E não
quero nem relembrar o que aconteceu com aquele meu primeiro amor.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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