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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 11 de janeiro de 2020

Palavra Solta – recordação da craibeira em flor



*Rangel Alves da Costa


Longe ainda o tempo do florescer das craibeiras. Mas veio-me agora a recordação daquele dourado que tanto me fascina e me faz poeta no olhar. O retrato: a estrada de chão batido, entremeada de pontas de pedras e secura, num caminho tipicamente sertanejo, pois ladeado por cercas de arames farpados, plantas rasteiras e ressequidas, tufos de matos, tendo alguma vegetação carcomida de sol pelos arredores, numa angustiante desolação, mas ao mesmo tempo a presença, bem no beiral da estrada, da imponente craibeira. Quem, entre a surpresa e o fascínio, não duvidará de estar em outro mundo que não o sertanejo? Mas está no sertão, sim senhor. A craibeira é tão sertaneja como o próprio homem da terra, é tão matuta quanto a catingueira, o mandacaru e o xiquexique. Contudo, não é fácil de ser encontrada. Daí sua beleza ainda maior ao surgir como surpresa ao olhar, daí sua magia ao ser avistada até como uma impensável florada sertaneja: flores amareladas, vivas, de um dourado ora mais singelo ora mais suntuoso, sobressaindo perante tudo o que houver na paisagem ao redor. A verdade é que o florescer das craibeiras se torna a mais bela poesia sertaneja. Mesmo ainda distantes, logo os olhos divisam aquelas cores majestosas tomando a copa das árvores defronte às moradias, casebres longínquos, beiras de estradas, sempre se sobressaindo nas paisagens. Talvez vaidosa demais, mas a verdade é que as craibeiras gostam de crescer afastada de outras árvores, em local onde possam florescer e logo serem reconhecidas pela beleza de suas cores. E que coisa mais linda é uma craibeira em flor!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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