*Rangel Alves da Costa
Longe ainda o tempo do florescer das
craibeiras. Mas veio-me agora a recordação daquele dourado que tanto me fascina
e me faz poeta no olhar. O retrato: a estrada de chão batido, entremeada de
pontas de pedras e secura, num caminho tipicamente sertanejo, pois ladeado por
cercas de arames farpados, plantas rasteiras e ressequidas, tufos de matos,
tendo alguma vegetação carcomida de sol pelos arredores, numa angustiante
desolação, mas ao mesmo tempo a presença, bem no beiral da estrada, da
imponente craibeira. Quem, entre a surpresa e o fascínio, não duvidará de estar
em outro mundo que não o sertanejo? Mas está no sertão, sim senhor. A craibeira
é tão sertaneja como o próprio homem da terra, é tão matuta quanto a
catingueira, o mandacaru e o xiquexique. Contudo, não é fácil de ser
encontrada. Daí sua beleza ainda maior ao surgir como surpresa ao olhar, daí
sua magia ao ser avistada até como uma impensável florada sertaneja: flores
amareladas, vivas, de um dourado ora mais singelo ora mais suntuoso,
sobressaindo perante tudo o que houver na paisagem ao redor. A verdade é que o
florescer das craibeiras se torna a mais bela poesia sertaneja. Mesmo ainda
distantes, logo os olhos divisam aquelas cores majestosas tomando a copa das
árvores defronte às moradias, casebres longínquos, beiras de estradas, sempre
se sobressaindo nas paisagens. Talvez vaidosa demais, mas a verdade é que as
craibeiras gostam de crescer afastada de outras árvores, em local onde possam
florescer e logo serem reconhecidas pela beleza de suas cores. E que coisa mais
linda é uma craibeira em flor!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário