Retrato com janela e flor
Meus antepassados amaram
o amor que não sei amar
e vejo como eram felizes
no velho baú encontrado
com tantas cartas e retratos
imagens de um ontem apaixonado
uma carta dizendo te amo
uma fotografia suja de batom
um anel com laço de fita
uma lágrima que sei escondida
e como deveria ser bom
amar com tanto amor assim
um prazer que não restou em mim
encontrei e guardo comigo
um retrato com janela e flor
procuro o rosto e não encontro
daquela que ao entardecer
aparecia por ali e olhava ao redor
procurando seu buquê de amor
a dádiva tão apaixonada
de quem um dia se enamorou
só me resta o retrato antigo
já amarelado pelo tempo
com aquela janela e flor
não sei onde anda a mocinha
também não sei onde estou
se ela sumiu sem amar
e essa tristeza em mim ficou.
Rangel Alves da Costa
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