*Rangel Alves da Costa
Diferentemente
da juventude e da população em geral da povoação ribeirinha de Bonsucesso, por
exemplo, a grande maioria do jovem da cidade de Poço Redondo, no sertão
sergipano, não está nem aí para a sua história, a sua cultura, o seu glorioso
passado e nem para a preservação da memória do que quer que seja.
Importante
parcela dessas jovens mentes se mostra totalmente distanciada e omissa com
relação a tudo que signifique conhecimento através do passado. Como se vivesse
segurando um calendário onde cada dia que passa tem sua folha simplesmente
rasgada, então procura vivenciar apenas o seu momento e parece dizer a si mesmo
que isso é tudo, que basta e que se dá por satisfeita.
Lamentável
que assim aconteça, mas é esta a realidade. Possível observar que quando há um
engajamento ou envolvimento maior com a cultura e as tradições, isto se dá de
forma pontual, através de ações específicas. Jovens do xaxado, do teatro, da
capoeira, da música, da quadrilha junina, da sanfona, e atuando apenas em tais
limites. E não jovens que transitem ou interajam com uma diversidade cultural
maior.
Tantas
vezes, ao jovem do xaxado ou da quadrilha interessa apenas saber dançar e
personificar o xaxado ou a quadrilha, mas sem a preocupação de conhecer ao
menos o histórico local sobre tais tradições. Para muitos estudantes, a
história e a cultura são preocupações surgidas apenas quando professores
repassam tarefas que digam respeito ao conhecimento das origens e do percurso
histórico. Feito o trabalho escolar, ou se esquece ou tudo se torna um tanto
faz novamente.
Não há, na
verdade, um relacionamento prazeroso e produtivo, de conhecimento e de
divulgação, entre a juventude e o seu berço de nascimento. Muito jovem não
conhece nada ou pouco sabe do potencial histórico, cultural e turístico de Poço
Redondo. Muito jovem passa pela estrada de Curralinho sem saber o motivo de
aquela via se chamar Estrada Histórica Antônio Conselheiro.
Não será
absurdo acaso algum jovem afirmar que a Gruta de Angico está localizada em Piranhas
ou Canindé, ou que o Poço de Cima é apenas um local que dizem que existe, mas
não sabe bem onde fica nem o porquê desse nome. Muito jovem há que não sabe
sequer o porquê do nome “Poço Redondo”. Zé de Julião continua desconhecido à
maioria da juventude. Por que isso pode acontecer?
Ora,
simplesmente pelo fato de que se tornou “cultural” o desconhecimento local
sobre suas origens e sobre si mesmo. Conforme anteriormente afirmado, parcela
considerável da juventude só está se importando mesmo com o dia e com a hora e
com o que tenha a fazer nesse dia e nessa hora. Olhar o passado parece ser
cansativo e desinteressante demais. Conhecer as riquezas históricas e culturais
do município parece ser enfadonho e desnecessário demais.
“Não sou
velho, sou jovem”, tendem a dizer. “Tenho apenas de curtir, de farrear e tirar
onda”, igualmente podem dizer. Tudo bem, cada um faz aquilo que bem entender
como mais útil. Mas uma coisa é certa: do passado, das origens e das raízes,
ninguém foge. Desde o sobrenome de cada um à sua linhagem familiar, tudo é
passado.
Dar
importância e procurar conhecer as origens de seu berço de nascimento é como se
estivesse conhecendo e valorizando seus pais e os pais de seus pais, desde as
mais distantes raízes. Conhecer a cultura e a s tradições locais é como
conhecer a si mesmo, ainda que os modismos tudo façam para transformar o
autêntico no imprestável. Por fim, para resumir tudo o quanto acima foi exposto,
apenas uma pergunta:
Quantos
jovens de Poço Redondo conhecem o acervo do Memorial Alcino Alves Costa?
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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