*Rangel Alves da Costa
Sou divinamente agraciado por haver nascido
em solo sagrado de um sertão amado. Minha pátria é sertaneja, minha nação é
sertaneja, meu país é o sertão. Ninguém mais noutro lugar nasce com história
tão esplendorosa quanto a sertaneja. Nos caminhos que eu caminho um dia passou
Antônio Conselheiro, Lampião, Frei Damião das Missões, Zé de Julião, Dona Zefa
da Guia, Alcino de havaianas... Vou ao Alto de João Paulo, ao Poço de Cima, ao
Curralinho, a Maranduba, a Areias, a Angico, a Queimadas, a Riacho Largo... E quanto
mais caminho mais tenho vontade de caminhar, de viver, de sentir de perto e
dentro da alma e do coração este sertão. A velha senhora me recebe com alegria,
“Parece com Alcino, você é filho de Alcino, meu filho?”, ela indaga enquanto
puxa o tamborete. O velho sertanejo já está à porteira quando da chegada. De
início, com poucas palavras, mas depois passando na voz as contas de um rosário
inteiro de causos, histórias e proseados... E pelos beirais da estrada,
pertinho dos tufos de mato, eu vou encontrando e dialogando com mandacarus,
xiquexiques, facheiros, jurubebas, pedras, espinhos e flores do campo... Há um
mundo bem ali que precisa ser conhecido. A cidade, talvez, seja apenas para
viver, mas o conhecimento maior está mesmo depois da curva da estrada, mais
além do caminho. E que não me canso de procurar!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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