*Rangel Alves da Costa
Jamais eu deveria ter ido àquele circo. Tanta
coisa a fazer e eu achei de ir àquele circo. Até hoje me arrependo disso. Eu
bem que poderia ter ficado jogando bola com a meninada da rua, correndo de
canto a outro, pedindo aos mais velhos para contar história, mas achei de ir ao
circo. Fui e me apaixonei pela mocinha do circo. Nada me interessou mais que a
bela mocinha de braços abertos, de roupinha pouca sobre o corpo bonito, uma
deusa circense. Foi amor à primeira vista. Quando anunciaram o atirador de
facas eu nem imaginei em quem as facas seriam arremessadas, então apareceu
aquela pequena deusa. De braços abertos, a facas iam sendo lançadas e cravando
bem próximo ao seu corpo. A cada arremesso eu fechava os olhos por medo de que
uma daquelas facas errasse o destino e acertasse aquele meu lindo amor. Depois
dos aplausos eu abri os olhos e ela, mais linda ainda, sorria em minha direção.
Naquela mesma noite escrevi um bilhetinho apaixonado e pedi ao palhaço que lhe
entregasse. Não sei se entregou, mas retornei ao circo e quase não acreditei
quando ela soprou um beijo em minha direção. Mas naquela noite o atirador de
facas, embriagado, errou o alvo. Não quero nem lembrar o que aconteceu com a
minha paixão, com a minha mocinha do circo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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