*Rangel Alves da Costa
Ela prometeu que ira naquela noite. E ele,
desejando realmente encontrá-la, ficou mais que ansioso pela sua chegada.
Certamente umas oito da noite ela bateria à porta, assim ele imaginou. Depois
das seis, então começou a preparar-se para recebê-la. Providenciou vinho,
queijos, acendeu incensos, colocou sobre o sofá os livros que gostaria que ela
visse. Não telefonou para não ser impertinente, como se estivesse antecipando
os seus passos. Depois das oito, então começou a esperar que ela telefonasse
para alguma notícia. Nenhum telefona foi dado. Depois das nove, então ele
discou o número dela e esperou ser atendido. O telefone chamou e chamou, mas
nada de ser atendido. Já passava de dez da noite quando ele deu por desistida a
espera. Abriu um vinho e ficou passando páginas dos livros. E assim se demorou
até perto da meia-noite. Já ia apagar as luzes para deitar quando percebeu uma
mulher sentada no sofá, ao lado dos livros. Era ela. Ela estava ali. Mas como?
Como ela havia chegado se não havia aberto a porta, sem anúncio algum de sua
chegada? Ela sorriu, ainda que com feição tristonha, para em seguida mostrar um
gesto de adeus e desaparecer, algo assim como névoa se dispersando. Assustado,
ele buscou todas as explicações possíveis. Encontrou uma possibilidade, porém
não quis acreditar. Não, isso não podia ser, disse a si mesmo. A possibilidade,
contudo, acabaria se confirmando na manhã seguinte. Ela havia falecido ao
anoitecer.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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