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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 13 de junho de 2019

A RUA MANOEL FRANÇA



*Rangel Alves da Costa


No dia 08 próximo passado, em breves palavras ao microfone proferidas durante evento festivo na Rua Manoel França, logo após o centro da cidade de Poço Redondo, eu teci alguns comentários acerca do contexto histórico e de sua importância no conjunto da municipalidade, bem como rapidamente falei sobre o nome do homenageado naquela artéria e outros aspectos. Agora procurarei explanar um pouco mais do que naquela oportunidade expus.
Pois bem. Manoel França, enquanto nome de rua soma-se a um reduzido número de filhos de Poço Redondo, autênticos sertanejos da localidade, que são homenageados em ruas, avenidas, praças e demais logradouros e órgãos públicos. Homenagem justíssima tal qual o nome de Zulmira Soares, Lídia Souza, Gervásio Félix, José Francisco do Nascimento e Antônio Rosendo, dentre outros. E Manoel França é da mais profunda raiz sertaneja, cujo tronco vingou em fina flor e que até hoje ramifica em filhos, netos, bisnetos e tataranetos.
De prole numerosa, dentre os filhos vivos de Manoel França estão Manezinho França e Tonho Caguinho. Dentre os já falecidos, uma filiação que contava com Zé Preto, João França, Miguel França, Angelino e outros. Amarílio, filho de Zé Preto, é neto de Manoel França. São também netos Rose Sousa, Bibi, Juarez, Deusi, Leila, David e muitos outros, Deninha e Carlinhos de Amarílio, por exemplo, são bisnetos do velho Manoel França. E daí os filhos destes, numa extensa prole. Por sobrenome França se tenha também os denominados Francelino.
Manoel França, casado com Dona Maria José Santana, mais conhecida como Mãe Véia, morava ali onde hoje é a Praça Eudócia, ou Praça do Redondo. Sua casa, hoje dando lugar a uma moderna residência e onde mora sua neta Leinha, estava bem localizada na esquina. Moradia de barro batido, miúda, bem aos moldes daquele Poço Redondo de antigamente, ficava bem ao lado da casa de seu filho Zé Preto e sua esposa Maria José. Homem de simplicidade sertaneja, de humildade e vivente da sobrevivência, foi nessa luta que conseguiu tornar seus filhos em grandes e valorosos homens dos sertões sergipanos.
Ante a nobreza sertaneja de Seu Manoel França, esposa e familiares, nada mais justo que fosse homenageado posteriormente. E num logradouro onde há a conversão da própria história de Poço Redondo. Além do próprio nome da rua ser histórico, por ali também a história viva em muitos aspectos. Exemplo disso é sua localização, em área privilegiada da cidade. Logo nas proximidades os caminhos que levam à Estrada Histórica Antônio Conselheiro, a tão conhecida estrada de Curralinho, de onde o sertão foi desbravado através do caminho das águas. De outro lado, e não muito distante, os caminhos que levam ao Poço de Cima, povoação originária de Poço Redondo.
Contudo, atualmente a Rua Manoel França, através de iniciativas da própria comunidade, está acrescentando às riquezas do passado uma nova e grandiosa história. Daí ter nascido a concepção de ser a rua mais bonita de Poço Redondo. Mas por que assim? Ora, todos sabem que aquela rua sofre os mesmos problemas dos demais logradouros da cidade, mas a diferenciação está simplesmente no engajamento e no senso de conservação e transformação de seus moradores.
E não é fácil transformar uma simples rua na rua mais bonita de Poço Redondo. Certo é que os moradores fazem a máxima limpeza que podem, transformam muros em obras de arte, fazem surgir flores onde sequer se imaginava, realiza eventos culturais de grande porte. Porém vencendo desafios e ameaças terríveis. Por exemplo, uma parte de um muro que se estende até a rua não pode receber nenhuma pintura da comunidade porque sua proprietária não permite. A mesma proprietária que ameaçou mandar destruir o pequeno canteiro florido e que agora ameaça recorrer à justiça para que eventos culturais não sejam realizados. E nem na rua ela reside. Verdadeiros absurdos.
Ainda assim, mesmo com todas as dificuldades, a Rua Manoel França persiste bela, sorridente e convidativa. E muito mais virá que a tornará uma verdadeira rua modelo de Poço Redondo: a Rua da Cultura, da História, das Flores, das Artes, dos Coloridos, dos Sabores e da Grandiosidade de seu Povo!

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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