*Rangel Alves da Costa
Adormecer e depois dormir, não é algo que
aconteça ao acaso não. Exige, sim, preparativos, ao menos que esteja muito
cansado a ponto de desabar de vez. Desse modo, para que o sono chegue e o
adormecimento se torne profundo, alguns procedimentos se fazem necessários. Ao
menos para mim. Pois bem. Acaso eu esteja numa cama (algo que faço de tudo para
nunca estar), o primeiro passo é fixar o olhar no telhado. E do telhado fazer
um porto de partida, depois um mar e neste um barco singrando e singrando. E
assim vou viajando, visitando ilhas e desconhecidos, até que o cais de chegada
já seja no adormecimento profundo. Mas numa rede, como costumeiramente deito
para dormir, então a viagem é apenas em pensamento. Sem os caminhos do mar, o
pensamento faz as viagens mais inusitadas possíveis. Então sigo a lugares
distantes, desertos, desconhecidos. Então me vejo no noturno de uma aldeia
distante, ao lado de monges budistas, observando velhos monges copistas nas
velhas bibliotecas de mosteiros. Então me vejo numa igrejinha no alto de uma
montanha, numa casinha abandonada de beiral de estrada. Então adormeço
levemente e, ainda saído de mim, durmo como a pedra eterna ao centro do lago
dos cisnes.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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