*Rangel Alves da Costa
Estava no sertão e voltei agora. Trouxe num
olhar uma lágrima de saudade. Trouxe no coração um amor compromissado de
retornar. Trouxe no desejo a certeza de que o mundo sertanejo sempre haverei de
amar. Pegar a estrada e sentir a diferença, cortar as distâncias e sentir a
alegria esvair, deixar para trás o contentamento e a felicidade. Por lá ficaram
as coisas boas da vida. Naquelas distâncias ficaram a ternura e singeleza. Uma
mão humilde apertando a sua, uma face enrugada agradecida pela presença, um
sorriso escondido querendo gritar de felicidade. Deixei atrás as estradas nuas,
os caminhos de terra, as flores do campo. Deixai no sertão a aurora
passarinheira e o por do sol do candeeiro, deixei a flor do mandacaru e o
pássaro cantando pertinho no pé de pau. Deixei o cuscuz, o bolo, o pão
quentinho, o arroz-doce, o mungunzá. Deixei o doce de leite com bola e a cocada
de fazer lamber os beiços. Deixei a ruazinha de casas singelas, as cadeiras
pelas calçadas, as amigas em proseado. Deixei tudo isso por lá. Mas logo
voltarei. Vou voltar. Meu amor está lá. Minha amada está lá. Vou voltar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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