SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 2 de junho de 2019

Palavra Solta - meu sertão



*Rangel Alves da Costa


Estava no sertão e voltei agora. Trouxe num olhar uma lágrima de saudade. Trouxe no coração um amor compromissado de retornar. Trouxe no desejo a certeza de que o mundo sertanejo sempre haverei de amar. Pegar a estrada e sentir a diferença, cortar as distâncias e sentir a alegria esvair, deixar para trás o contentamento e a felicidade. Por lá ficaram as coisas boas da vida. Naquelas distâncias ficaram a ternura e singeleza. Uma mão humilde apertando a sua, uma face enrugada agradecida pela presença, um sorriso escondido querendo gritar de felicidade. Deixei atrás as estradas nuas, os caminhos de terra, as flores do campo. Deixai no sertão a aurora passarinheira e o por do sol do candeeiro, deixei a flor do mandacaru e o pássaro cantando pertinho no pé de pau. Deixei o cuscuz, o bolo, o pão quentinho, o arroz-doce, o mungunzá. Deixei o doce de leite com bola e a cocada de fazer lamber os beiços. Deixei a ruazinha de casas singelas, as cadeiras pelas calçadas, as amigas em proseado. Deixei tudo isso por lá. Mas logo voltarei. Vou voltar. Meu amor está lá. Minha amada está lá. Vou voltar.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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