*Rangel Alves da Costa
Não Temer, as flores não gostam de tempos
assim. Não arrogante tirania, as flores não gostam de tempos assim. Não
insustentável leveza do poder, as flores não gostam de tempos assim. Não
democracia fragilizada, aviltada, ferida, as flores não gostam de tempos assim.
E as flores não gostam de tempos assim por que relembram outros tempos que
começaram assim. Num de tempo de janelas abertas, de manhãs sobre canteiros, de
jardins com suas cores, mas que de repente as botinas dos generais esmagaram
tudo. Quem não se recorda quando aqueles ditadores de 64 devastaram sonhos e
esperanças, dizimaram vidas, trucidaram dignidades, mortificaram as esperanças?
As flores temem os retrocessos, as ditaduras, as tiranias, as arrogâncias. As
flores sabem o quanto dói não restar pétala sobre pétala, perfume sobre
perfume. As flores não se reconhecem entre frangalhos, entre restos de
liberdades, entre somente os espinhos. Que a vida não seja transformada em nome
do poder pelo poder. De uma hora pra outra e o infiel jardineiro pode mandar que
as Forças Armadas acabem com os jardins das liberdades e das esperanças. Por
isso que as flores não gostam de tempos assim!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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