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segunda-feira, 15 de maio de 2017

A FORÇA DAS ARMAS


*Rangel Alves da Costa


Além de ser humano dotado de razão, inteligência e poder de liderança, o homem possui atributos outros que lhes servem ora como escudo ora como meio de ataque perante as diversas situações de vida. Possibilidades estas que tanto servem para o bem como para a prática do mal. Eis que cada um sempre se utilizando da arma que dispuser no momento. Ou buscando se impor a partir daquilo que esteja ao seu alcance.
A arma se torna, assim, elemento essencial tanto na vida própria como nas relações humanas, políticas e sociais. Sem arma o homem estará desprovido até mesmo da tomada de qualquer decisão. A arma da vontade, por exemplo, impulsiona a fazer ou não fazer, a agir de um modo ou de outro. Neste sentido, o simples ato de encorajar-se diante do mundo é a utilização da arma da perseverança.
Pretendo ir além dos aspectos conceituais, mas primeiro se diga que arma é qualquer instrumento ou ferramenta que sirva para atacar, ameaçar ou se defender. É ainda o objeto passível da prática de crime como revólver, faca, punhal, etc. No sentido figurado, arma pode ser vista como tudo aquilo que uma pessoa dispõe ou utiliza segundo seus intentos e objetivos. Armas que ferem, que matam, que fazem sangrar. Armas que intimidam e procuram a todo superar inimigos. Mas também a arma da concórdia, do perdão, da indiferença.
Contudo, outras armas existem que desafiam o próximo a todo instante, até mesmo populações inteiras. O poder é arma poderosíssima para quem o detém. Não menos poderosas são as armas do dinheiro, da riqueza, do mando, do exercício e da governança. O poder de tais armas, porém, dependem do uso e da intencionalidade de quem as usa. Ora, armas servem também para a prática do bem.
E tanto servem para a prática do bem como para cativar pessoas. As armas do amor, da amizade, do companheirismo, do respeito, da união, da fidelidade e da fé, dentre tantas outras, possuem usos de consequências sempre positivas e verdadeiras. E assim por que as discórdias são apaziguadas perante o amor ou o afeto, as inimizades são absorvidas pelas amizades verdadeiras e pela fidelidade, as falsidades são submetidas ao respeito.
Diferentemente, outras armas tentam impor, submeter a todo custo. As armas do poder também se inserem neste contexto. Quanto Maquiavel discorreu sobre os atributos do príncipe e afirmou que os fins justificam os meios para o alcance de objetivos, nada mais faz do que afirmar que o poder deve utilizar de todos os meios e todas as armas para manter-se no pedestal do império de mando. Não importa quem se torne vítima, não importa se justo ou injusto, não importa se contra a própria natureza humana. Importa mesmo é a manutenção do poder, custe o que custar.
Mas também tão conhecidas foram as armas dos senhores da escravidão, as armas dos senhores da Inquisição, as armas dos senhores da guerra e da tirania, as armas dos senhores da bestialidade e do ódio. Cruéis armas das confissões sob tortura, terríveis armas da submissão do fragilizado econômica e socialmente. Armas bestiais utilizadas por verdadeiros insanos. Hitler, por exemplo, usou de diversas armas para expressar seu ódio, seu preconceito e sua loucura. Stálin usou, dentre outras armas, a dizimação de milhares como demonstração de força e poder.
Também a palavra é poderosa arma, mas tanto para o bem como para o mal. Há a palavra que ordena um massacre, há a palavra que pede concórdia. Há a palavra espalhando humanismo e há a palavra pregando o ódio e a perseguição. Há a palavra surgida no alto do monte e pregando as bem-aventuranças e há também a palavra seca e execrável nos discursos das tiranias e das ditaduras. A palavra que fere mais o punhal, que queima mais que o fogo, que contamina e envergonha pela sua carga de falsidade, de aleivosia, de desavergonhadas mentiras. Mesmo consideradas abomináveis em todos os sentidos, o que mais se observa são as armas das palavras vis e maléficas.
A verdade é que as armas são bem menos utilizadas para o bem do que para o mal. Veja-se no exemplo dado pelos governantes. Enquanto pessoa comum, o governante jamais teria como acertadas diversas medidas que o poder lhe dá o direito de levar adiante. Utiliza a arma do governante por que necessita muito mais se impor do que trazer reais benefícios com determinadas medidas tomadas. Assim porque o exercício de poder não é racional, comedido, mas egoísta e arrogante, impositivo e até mesmo cego.
E a flor, o que se diria da flor como arma? Apenas uma flor para causar verdadeiras e profundas transformações. Flor que alimenta o amor, flor que torna a paixão mais apaixonada, flor que simboliza a beleza do mundo. E certamente torna menos amargos e mais esperançados os corações já desiludidos de tudo.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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