*Rangel Alves da Costa
Rapazote, menino novo, ao invés de se
encegueirar por menina nova, bonita e faceira, Zezim foi logo se apaixonar
pela jumentinha do pasto vizinho. Mas também a culpa não era muita dele não. O
rapazinho até que olhava com olhar pidão pras mocinhas no dia de feira. Piscava
o olho esperando resposta. Sonhava em tocar numa mão, depois dar um beijo e
começar a se esfregar. O problema é que nunca era correspondido. E numa tarde
de tristeza e solidão, enquanto caminhava pela vereda nos matos, eis que
avistou no outro lado da cerca a jumentinha de Totonho Cacundo. Não só avistou
como logo se engraçou, pois jumentinha nova, de pelo lisinho e parecendo mesmo
muito mansinha. Naquela hora sua cabeça fez rodopios e reviravoltas. Pensou no
que não devia pensar e pensou em fazer o que não podia fazer. Mas quem se viu
pessoa se engraçar tanto por uma jumentinha? Retornou pensando em esquecer
aquelas ancas lisinhas, sedosas, aquele sexo animal logo depois do rabo descido
em trança. Não dormiu direito pensando na bichinha. Até sonhou levando a
jumentinha pra detrás de tufo de mato e nos escondidos alisar o seu pelo,
levantar o seu rabo e... Acordou suado, excitado, sem saber o que fazer. E logo
cedo se enveredou pelos matos e foi tornar seu sonho em realidade. Namorou com
a jumentinha por mais de dois anos, até que um dia o dono do animal o
flagranteou em pleno ato amoroso e ameaçou fazer o pior se não casasse com a
bichinha desonrada. Zezim até ficou em dúvida no que fazer, mas achou melhor
correr pelo meio do mundo pra se apaixonar noutro pasto. Talvez até encontrasse
uma jeguinha solteira.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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