SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 29 de maio de 2017

Palavra Solta – Creuzina, a aluada


*Rangel Alves da Costa


Coitada de Creuzina, que sina mais triste a de nascer boa da cabeça e do juízo e a desdita da vida lhe fazer aluada, doida varrida. Moça bonita, alegre, sempre uma boa companhia, uma decente, como se dizia. Mas tudo desandou na sua vida depois que se apaixonou por Leotério. Amor e repentino e noivado também em pouco tempo. Mas de vez em quando uma e outra chegavam pra dizer que tivesse cuidado com Leotério, pois um conhecido enganador de corações e até com raparigagem noutras cidades. Ela não acreditava, contudo. O amor era demais, já de cegueira total. Ele prometeu casamento para breve, fez ela gastar o que não tinha com o enxoval, mas falando poucos dias para subirem ao altar, o safado desapareceu de vez. Desapareceu de nunca mais dar notícia. Depois disso ela endoidou de vez, numa situação tal que fazia pena somente em avistá-la. À noite, principalmente de lua cheia, ela se enfeitava toda, vestia sua roupa de noiva e subia numa pedra grande, onde ficava por horas e horas chamando um nome: Leotério, Leotério, venha logo meu Leotério. Envelheceu assim, cada vez mais doidinha. E por causa de sua loucura debaixo da lua cheia, comumente chamada Creuzina, a aluada.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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