*Rangel Alves da Costa
Coitada de Creuzina, que sina mais triste a
de nascer boa da cabeça e do juízo e a desdita da vida lhe fazer aluada, doida
varrida. Moça bonita, alegre, sempre uma boa companhia, uma decente, como se
dizia. Mas tudo desandou na sua vida depois que se apaixonou por Leotério. Amor
e repentino e noivado também em pouco tempo. Mas de vez em quando uma e outra
chegavam pra dizer que tivesse cuidado com Leotério, pois um conhecido
enganador de corações e até com raparigagem noutras cidades. Ela não
acreditava, contudo. O amor era demais, já de cegueira total. Ele prometeu
casamento para breve, fez ela gastar o que não tinha com o enxoval, mas falando
poucos dias para subirem ao altar, o safado desapareceu de vez. Desapareceu de
nunca mais dar notícia. Depois disso ela endoidou de vez, numa situação tal que
fazia pena somente em avistá-la. À noite, principalmente de lua cheia, ela se
enfeitava toda, vestia sua roupa de noiva e subia numa pedra grande, onde
ficava por horas e horas chamando um nome: Leotério, Leotério, venha logo meu Leotério.
Envelheceu assim, cada vez mais doidinha. E por causa de sua loucura debaixo da
lua cheia, comumente chamada Creuzina, a aluada.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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