SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 27 de maio de 2017

Palavra Solta – chuvinha boa de molhar a terra


*Rangel Alves da Costa


O sertão sergipano amanheceu todo molhado. Desde a madrugada que uma chuvinha fina, porém constante, cai sobre os quadrantes antes esturricados de sol e de seca. No mundo sertanejo, principalmente os mais velhos sabem que a chove forte, pesada, desabada de uma vez, serve apenas para encher tanques, fontes e açudes, e depois escorrer por cima da terra, sem beijar o seu ventre, sem adentrar às suas raízes mais profundas. Somente a chuva mais fraca, mais fina, de modo demorado, tem o dono de verdadeiramente molhar, de encharcar, de tornar a terra alimentada de viço e de esperança. É a chuva fina que alimenta o grão lançado, que faz germinar a semente fincada no chão, que faz verdejar as plantinhas miúdas e os capinzais ressequidos. Por isso que toda vez que cai chuva assim, miúda, apenas chuvisquenta, porém constante e demorada, o sertanejo se anima e se alegra todo. Os horizontes tomam outros ares, as pastagens parecem sorridentes, os bichos lentamente recebendo nas costas os sinais de renascimento. Com a terra prenhe, amolecida do pingo, também a certeza de dias melhores, de contentamentos em semblantes acostumados com as tristezas das sequidões. Todo amanhecer é uma nova moldura ao sertão, um novo retrato que se impõe na esperança. E que continue caindo a chuva fininha e tão milagrosa ao homem do campo.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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