*Rangel Alves da Costa
Viajando
pelas estradas sertanejas ou mesmo em qualquer caminho nos afastados do mundo,
de curva a curva encontro casinhas de portas fechadas. Não significa que
estejam abandonadas, que seus habitantes fugiram das secas grandes, pois é
costume que as portas permaneçam fechadas na maior parte do dia. E assim por
que já chegando perto do entardecer de pôr de sol, logo uma janela é aberta,
depois a porta, até que de lá de dentro vá surgindo alguém. Uma cadeira de
balanço no alpendre ou debaixo do umbuzeiro, um silêncio de profunda solidão,
uma paisagem tanto desolada como majestosa atraente. E é de se imaginar os dias
daquele povo de portas fechadas, com seus quintais, seus fogões de lenha, seus
pequenos afazeres, uma vida diferenciada. São pessoas que acordam ainda na
madrugada e quando a lua desce em mais fulgor já se tem como noite cheia e
pronta ao recolhimento. Os candeeiros são acesos, os radinhos de pilha tocam
suas canções, alguma palavra, talvez. Mas logo a escuridão somente cortada pelo
clarão da lua e a luz amarelada do candeeiro entre as fechas. Adormecer para
viver novamente. E tudo sempre igual, e se repetindo sempre.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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