SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 15 de maio de 2017

Palavra Solta - de portas fechadas


*Rangel Alves da Costa


Viajando pelas estradas sertanejas ou mesmo em qualquer caminho nos afastados do mundo, de curva a curva encontro casinhas de portas fechadas. Não significa que estejam abandonadas, que seus habitantes fugiram das secas grandes, pois é costume que as portas permaneçam fechadas na maior parte do dia. E assim por que já chegando perto do entardecer de pôr de sol, logo uma janela é aberta, depois a porta, até que de lá de dentro vá surgindo alguém. Uma cadeira de balanço no alpendre ou debaixo do umbuzeiro, um silêncio de profunda solidão, uma paisagem tanto desolada como majestosa atraente. E é de se imaginar os dias daquele povo de portas fechadas, com seus quintais, seus fogões de lenha, seus pequenos afazeres, uma vida diferenciada. São pessoas que acordam ainda na madrugada e quando a lua desce em mais fulgor já se tem como noite cheia e pronta ao recolhimento. Os candeeiros são acesos, os radinhos de pilha tocam suas canções, alguma palavra, talvez. Mas logo a escuridão somente cortada pelo clarão da lua e a luz amarelada do candeeiro entre as fechas. Adormecer para viver novamente. E tudo sempre igual, e se repetindo sempre.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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