*Rangel Alves da Costa
Numa das salas do Memorial Alcino Alves Costa
em Poço Redondo, sertão sergipano, há uma estante onde duas bonecas de pano
estão assentadas ao lado de outros objetos artesanais. Tudo normal, bonito,
atraente demais. Mas um fato sempre me deixa curioso, pois um verdadeiro
mistério envolve uma daquelas bonecas. Verdade é que quando estou sozinho
naquela sala, seja de dia ou de noite, sempre ouço a boneca dando psiu pra mim.
Mas um psiu namoradeiro mesmo, de paquera, de tentar chamar minha atenção
mesmo. “Psiu, psiu, psiu...”. Olho e ela parece piscar o olho, e pisca mesmo.
Faço de conta que nada vejo ou ouço, e novamente “Psiu, psiu, psiu...”. Outro
dia segurei-a nos nas mãos, alisei os seus panos, acariciei seus cabelos, e ela
parecia sorrir de contentamento, fazendo até surgir nas bochechas um tom mais
avermelhado. Mas se minha namorada chega ao meu lado, seu semblante muda
completamente. É com se fechasse os olhos raivosa. Mas quando eu retornar vou
logo avisar que estou solteiro e assim desejo continuar. E que ela pare de me
paquerar. Quem já se viu uma boneca de pano querer namorar um homem de barro?
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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