SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 3 de maio de 2017

Palavra Solta - com Waldick Soriano na vitrola


*Rangel Alves da Costa


E na vitrola a canção dilacerante: “Garçom, olhe pelo espelho a dama de vermelho que vai se levantar. Note que até a orquestra fica toda em festa quando ela sai para dançar... Garçom, amigo, apague a luz da minha mesa, eu não quero que ela note em mim tanta tristeza. Traga mais uma garrafa, hoje eu vou me embriagar...”. Mas a paixão pede mais: “Quem eu quero não me quer, quem me quer mandei embora. E por isso eu já não sei o que será de mim agora...”. E a transbordante paixão ainda quer: “Eu não sou cachorro não pra viver tão humilhado. Eu não sou cachorro não para ser tão desprezado...”. E de repente caminha de canta a outro, cantarola apaixonadamente, vira e revira o copo, leva um lenço aos olhos. Chora e chora. Aumenta mais o som, coloca mais bebida, parece tomado por uma insanidade apaixonada. Lê uma carta, lê um bilhete, olha uma fotografia. Bebe, abre os braços para o alto, dá passos ébrios pela sala. Chora e chora. E de sua voz um nome é ouvido, quase num grito, em total desespero: Gardênia, Gardênia, Gardênia. E na vitrola Waldick Soriano embalando a paixão transbordante de alucinação: “Perfume de gardênia tem em tua boca, eu vivo embriagado na luz do teu olhar. Teu riso é uma rima de amor e poesia, macios teus cabelos, qual ondas sobre o mar...”. E chora. E chora...


Escritor

blograngel-sertao.blogspot.com

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