*Rangel Alves da Costa
E na vitrola a canção dilacerante: “Garçom,
olhe pelo espelho a dama de vermelho que vai se levantar. Note que até a
orquestra fica toda em festa quando ela sai para dançar... Garçom, amigo,
apague a luz da minha mesa, eu não quero que ela note em mim tanta tristeza.
Traga mais uma garrafa, hoje eu vou me embriagar...”. Mas a paixão pede mais:
“Quem eu quero não me quer, quem me quer mandei embora. E por isso eu já não
sei o que será de mim agora...”. E a transbordante paixão ainda quer: “Eu não
sou cachorro não pra viver tão humilhado. Eu não sou cachorro não para ser tão
desprezado...”. E de repente caminha de canta a outro, cantarola
apaixonadamente, vira e revira o copo, leva um lenço aos olhos. Chora e chora.
Aumenta mais o som, coloca mais bebida, parece tomado por uma insanidade
apaixonada. Lê uma carta, lê um bilhete, olha uma fotografia. Bebe, abre os
braços para o alto, dá passos ébrios pela sala. Chora e chora. E de sua voz um
nome é ouvido, quase num grito, em total desespero: Gardênia, Gardênia,
Gardênia. E na vitrola Waldick Soriano embalando a paixão transbordante de
alucinação: “Perfume de gardênia tem em tua boca, eu vivo embriagado na luz do
teu olhar. Teu riso é uma rima de amor e poesia, macios teus cabelos, qual
ondas sobre o mar...”. E chora. E chora...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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