SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 5 de maio de 2017

Palavra Solta – cheiro de terra molhada


*Rangel Alves da Costa


Cheguei ontem à noite ao sertão onde nasci. Geralmente chego na sexta-feira, mas dessa feita antecipei minha viagem. Levantei ainda na madrugada escurecida e senti um cheiro de terra molhada se espalhando pelo ar. Olhei da janela adiante e vi o chão úmido, afofado e mais gordo, ainda tomado dos pingos de chuva que haviam caído. Que sensação tão boa é essa de sentir o cheiro de terra molhada pelas madrugadas e auroras sertanejas. Uma sensação muito contrastante daquela percebida ao longo dos anos, onde até mesmo nas madrugadas o calorão já se mostrava voraz. As chuvas na noite, contudo – e muitas vezes somente uns serenos contínuos -, não significam terra molhada durante o dia, mas sempre um grande alento ao homem e principalmente ao bicho que mais tarde que mais tarde vai ter o que comer na pastagem brotada nas noites e madrugadas assim. E logo me vem à mente a visão do sertanejo nos recantos mais afastados e que ao abrir a porta ainda na escuridão, lança um olhar de agradecimento aos céus e logo faz planos de vida e viver. E diz a si mesmo que bastaria somente um tiquinho maior de chuvarada para jogar a semente na terra e logo ter a sobrevivência garantida em meio às durezas da lida. 

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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