*Rangel Alves da Costa
Cheguei ontem à noite ao sertão onde nasci.
Geralmente chego na sexta-feira, mas dessa feita antecipei minha viagem.
Levantei ainda na madrugada escurecida e senti um cheiro de terra molhada se espalhando
pelo ar. Olhei da janela adiante e vi o chão úmido, afofado e mais gordo, ainda
tomado dos pingos de chuva que haviam caído. Que sensação tão boa é essa de
sentir o cheiro de terra molhada pelas madrugadas e auroras sertanejas. Uma
sensação muito contrastante daquela percebida ao longo dos anos, onde até mesmo
nas madrugadas o calorão já se mostrava voraz. As chuvas na noite, contudo – e muitas
vezes somente uns serenos contínuos -, não significam terra molhada durante o
dia, mas sempre um grande alento ao homem e principalmente ao bicho que mais
tarde que mais tarde vai ter o que comer na pastagem brotada nas noites e
madrugadas assim. E logo me vem à mente a visão do sertanejo nos recantos mais
afastados e que ao abrir a porta ainda na escuridão, lança um olhar de agradecimento
aos céus e logo faz planos de vida e viver. E diz a si mesmo que bastaria
somente um tiquinho maior de chuvarada para jogar a semente na terra e logo ter
a sobrevivência garantida em meio às durezas da lida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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