*Rangel Alves da Costa
Por falta
de apoio/patrocínio/ajuda, eu deixei de promover dois eventos em memória de
Alcino Alves Costa: em 17 de junho, data de seu nascimento, e em 1º de
novembro, data de falecimento. Estava se tornando demasiadamente constrangedor
ir atrás de uma colaboração que pouco ou nunca chegava. Mas eu almejava e
queria muito mais.
Minha real
intenção era que muitos eventos artísticos, culturais e históricos, fossem
promovidos pelo Memorial. Ao menos uma vez por mês, ter uma sanfona tocando, os
Pífanos dos Vito ecoando, os cantadores sertanejos soltando suas vozes em
toadas, aboios e repentes. Seria muito bom se de vez em quando eu pudesse
convidar o amigo Vem-Vem do Nordeste e outros repentistas. Convidar Antônio
Neto, Babá, Paulo Nunes, Niltão e tantos outros.
Que tal
chamar Raimundinho com sua sanfona? Que tal promover, saindo do Memorial e
percorrendo as ruas da cidade - debaixo da lua grande -, memoráveis serestas
como antigamente se fazia? Que tal ouvir Jayne Cláudia e Clésia Santos, Léo
Lima e Leno, cantando somente músicas da terra? Convidar Val Santos para
alegrar as noites matutas com sua voz maravilhosa e sua cantoria cheirando a
sertão, que tal? Convidar grupos de xaxado, de quadrilhas e de teatro de rua,
para apresentações defronte à Casa da História e da Cultura de Poço Redondo?
Eu queria
demais, o Memorial gostaria demais que assim acontecesse, mas... Através de
Antônio Neto, convidar forrozeiros amigos seus para um grande evento, aos
moldes antigos, em cima da carroceria de caminhão, como Alcino fez na década de
70, ao trazer a Poço Redondo nada menos que doze renomados artistas
nordestinos. Que bom seria se a dupla Júlio e Babá, que sempre acompanhou
Alcino em suas composições, novamente soltasse sua voz em sua homenagem.
Raimundo
Eliete certamente traria grandes exposições sobre a história sertaneja e
nordestina. Bonsucesso e outras povoações locais estariam presentes com suas
cavalhadas mirins, seus reisados, seus pastoris. Um sonho do Memorial sempre
foi promover um grande evento com as diversas manifestações culturais da
Família Vito: pífanos, samba-de-coco, aboios e toadas, e muito mais. Contudo,
tudo isso demanda gasto, custo, despesas. Alguns se apresentariam
graciosamente, mas outros não. E não adianta dizerem que promova que algum
apoio chegará.
Eu fazia
eventos em nome da memória de Alcino e mesmo alguns de seus filhos jamais
chagaram pra perguntar se seu estava precisando de alguma coisa. Quando eu
pedia, então relegavam ao esquecimento. Fica difícil assim, não é? Pegar uma
cuia e ir catar alguma coisa no comércio, é algo que não faço mais de jeito
nenhum. Apenas o mínimo de colaboração. Há um grande mal no comércio e no meio
empresarial de Poço Redondo que é a omissão e o completo distanciamento da
realidade local, com seus aspectos culturais e históricos.
Mas há um
fato que me deixa ainda mais entristecido. Em quase todo cartaz de festa há um
grande número de patrocinadores, entre políticos, empresários e até mesmo
filhos de Alcino. Mas então me pergunto: por que nunca dão uma parcela mínima dessa
ajuda ao Memorial? Somente eu sei quanto custa manter o Memorial, ir atrás de
acervo e lutar para que tudo seja bem preservado. Somente eu sei quais são os
verdadeiros amigos do Memorial, pessoas da comunidade que ajudam com o quanto
podem. As pessoas ajudam, mas as empresas, os órgãos públicos e administração
municipal não.
Por isso
mesmo que o Memorial não faz mais, não promove aqueles eventos que tanto
desejaria e nem tem uma presença mais ativa perante a comunidade. Gostaria de
fazer mais e fazer tudo isso. Mas infelizmente não pode.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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