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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

MEMORIAL ALCINO ALVES COSTA, A LUTA



*Rangel Alves da Costa


Por falta de apoio/patrocínio/ajuda, eu deixei de promover dois eventos em memória de Alcino Alves Costa: em 17 de junho, data de seu nascimento, e em 1º de novembro, data de falecimento. Estava se tornando demasiadamente constrangedor ir atrás de uma colaboração que pouco ou nunca chegava. Mas eu almejava e queria muito mais.
Minha real intenção era que muitos eventos artísticos, culturais e históricos, fossem promovidos pelo Memorial. Ao menos uma vez por mês, ter uma sanfona tocando, os Pífanos dos Vito ecoando, os cantadores sertanejos soltando suas vozes em toadas, aboios e repentes. Seria muito bom se de vez em quando eu pudesse convidar o amigo Vem-Vem do Nordeste e outros repentistas. Convidar Antônio Neto, Babá, Paulo Nunes, Niltão e tantos outros.
Que tal chamar Raimundinho com sua sanfona? Que tal promover, saindo do Memorial e percorrendo as ruas da cidade - debaixo da lua grande -, memoráveis serestas como antigamente se fazia? Que tal ouvir Jayne Cláudia e Clésia Santos, Léo Lima e Leno, cantando somente músicas da terra? Convidar Val Santos para alegrar as noites matutas com sua voz maravilhosa e sua cantoria cheirando a sertão, que tal? Convidar grupos de xaxado, de quadrilhas e de teatro de rua, para apresentações defronte à Casa da História e da Cultura de Poço Redondo?
Eu queria demais, o Memorial gostaria demais que assim acontecesse, mas... Através de Antônio Neto, convidar forrozeiros amigos seus para um grande evento, aos moldes antigos, em cima da carroceria de caminhão, como Alcino fez na década de 70, ao trazer a Poço Redondo nada menos que doze renomados artistas nordestinos. Que bom seria se a dupla Júlio e Babá, que sempre acompanhou Alcino em suas composições, novamente soltasse sua voz em sua homenagem.
Raimundo Eliete certamente traria grandes exposições sobre a história sertaneja e nordestina. Bonsucesso e outras povoações locais estariam presentes com suas cavalhadas mirins, seus reisados, seus pastoris. Um sonho do Memorial sempre foi promover um grande evento com as diversas manifestações culturais da Família Vito: pífanos, samba-de-coco, aboios e toadas, e muito mais. Contudo, tudo isso demanda gasto, custo, despesas. Alguns se apresentariam graciosamente, mas outros não. E não adianta dizerem que promova que algum apoio chegará.
Eu fazia eventos em nome da memória de Alcino e mesmo alguns de seus filhos jamais chagaram pra perguntar se seu estava precisando de alguma coisa. Quando eu pedia, então relegavam ao esquecimento. Fica difícil assim, não é? Pegar uma cuia e ir catar alguma coisa no comércio, é algo que não faço mais de jeito nenhum. Apenas o mínimo de colaboração. Há um grande mal no comércio e no meio empresarial de Poço Redondo que é a omissão e o completo distanciamento da realidade local, com seus aspectos culturais e históricos.
Mas há um fato que me deixa ainda mais entristecido. Em quase todo cartaz de festa há um grande número de patrocinadores, entre políticos, empresários e até mesmo filhos de Alcino. Mas então me pergunto: por que nunca dão uma parcela mínima dessa ajuda ao Memorial? Somente eu sei quanto custa manter o Memorial, ir atrás de acervo e lutar para que tudo seja bem preservado. Somente eu sei quais são os verdadeiros amigos do Memorial, pessoas da comunidade que ajudam com o quanto podem. As pessoas ajudam, mas as empresas, os órgãos públicos e administração municipal não.
Por isso mesmo que o Memorial não faz mais, não promove aqueles eventos que tanto desejaria e nem tem uma presença mais ativa perante a comunidade. Gostaria de fazer mais e fazer tudo isso. Mas infelizmente não pode.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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