*Rangel Alves da Costa
A noite avança. Já perto da meia-noite. O
silêncio ronda, a rua adormece, tudo parece inexistente. Mas ouço um grilo. Sei
que não adianta ir atrás desse grilo ou procurar saber qual sua toca. O grilo
sempre está, sempre cricrila, mas nunca é encontrado. Imagino até que seja como
uma saudade. A saudade existe, a saudade está, mas não adianta ir atrás do
motivo, pois ela apenas vem. Enquanto o grilo canta, a saudade também entoa o
seu canto. Ouço o grilo, vejo a imagem da saudade, e apenas isso. Tudo tão
próximo e tão distante. A única diferença é que o grilo depois silencia o seu
canto e faz de conta que não existe mais. Até que a noite novamente chegue. Já
a saudade persiste, entoando seu canto de noite e de dia. Agora mesmo ouço o
grilo e sinto saudade. E sei que a toca da saudade é bem dentro do coração.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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