SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Palavra Solta – o barulho da feira



*Rangel Alves da Costa


Estou em Poço Redondo, no sertão sergipano, meu berço de nascimento e de meninice. Aos finais de semana estou por aqui para alguns tantos afazeres, muito mais pelas veredas de terra do que mesmo pelo centro da cidade. Acordo cedo, em torno das quatro, mas antes mesmo de levantar da rede eu já ouvia o barulho da feira, que no dia de hoje acontece a poucos metros de onde estou. Vozes, palavras, palavras, ferros sendo juntados, mesas sendo estendidas, tabuleiros tomando assentos, cestos deitados ao chão, uma coisa ali outra acolá. Ainda em fase de arrumação, mas também com pessoas já aproveitando para comprar o que já está sendo ofertado desde a madrugada. Frutas novas, legumes verdosos, feijão de corda, maxixe, quiabo. As paneladas das barracas de comida já estão fervendo. Logo mais o barulho cresce, as vozes se somam aos gritos, um formigueiro humano chegando e voltando com suas compras. Pessoas com mais dinheiro, outras com o contado, e ainda outros até sem nada. Um dia de feira, mas não pra todo mundo. Muito sertanejo só olha. Muito sertanejo por dentro só chora, e volta de mãos vazias.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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