*Rangel Alves da Costa
O amor é poeta, os enamorados são poesia. Não
que os apaixonados sejam poetas ou que um se inspire no outro para versos de
amor, mas a união ou o relacionamento entre os dois se afeiçoando ao mais belo
poema, pois há poesia que só se escreve a dois, como inspiração e como desejo. Há
poesia que só se escreve a dois por ser o amor verdadeiro, forte, pujante,
cativante e tão enobrecedor que somente um jamais seria capaz de dar vida a uma
só linha, verso ou estrofe de qualquer poema. Cada linha – como num destino –
depende do outro para ser escrita. Há poesia que só se escreve a dois porque o
contexto unindo os dois é de real e verdadeira poesia. Como numa moldura, basta
que se aviste o retrato para logo se imaginar que ali existam pessoas que se
amam e que são comprometidas com o além do meramente fotografado. Há poesia que
só se escreve a dois. Por que o amor só se ama a dois. Por que a felicidade só
é compartilhada a dois. Por que a vida em dois não se compraz em ser apenas em
um. Por que em dois há a soma e na divisão ainda resta o somado para ser mais
amado. Há poesia que só se escreve a dois. Um lábio só não beija outro lábio.
Um corpo só não abraça outro corpo. Um olhar de mar não navega sem outro olhar
chamando a navegar. Um desejo num só não é capaz de se transformar naquilo que só
pode ser feito a dois. Um amor sozinho é um amor sozinho, mas o amor em dois é
um amor amado.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário